Socorro, Portugal
Este artigo analisa a forma como o crime foi representado na imprensa lisboeta no final do século xix. Num período de afirmação da moderna imprensa escrita, em que os jornais eram importantes fontes de informação e de conhecimento para uma parte considerável da população, o noticiário sobre o crime passou a ter um lugar constante e de destaque nos jornais, em particular no quotidiano de Lisboa com maior tiragem, o Diário de Notícias. Partindo do levantamento exaustivo das notícias referentes à criminalidade publicadas neste jornal ao longo do ano de 1892, procura-se aqui definir os contornos da construção e representação do crime e dos infratores neste jornal. O tratamento dispensado aos casos de crime que noticiou, o que se disse e o que se omitiu, os comentários e considerações que foram desenvolvidos à volta dos acontecimentos noticiados, foram elementos que influenciaram a vasta comunidade de leitores deste jornal, colaborando para a definição das suas perceções sobre de onde vinha o perigo de atentados à segurança, ordem e tranquilidade gerais.
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