Eliane Cristina Deckmann Fleck, Mauro Dillmann
O artigo analisa a obra Vida portentosa da serva de Deus D. Thomazia de Jesus, escrita pelo frade dominicano João Franco e publicada em Lisboa, em 1757, com o propósito de identificar e analisar os discursos produzidos acerca das enfermidades que se abatiam sobre mulheres conventuais e das práticas tradicionais e milagrosas de cura empregadas no Convento do Salvador, em Lisboa. O texto dialoga tanto com a historiografia dedicada ao estudo de biografias de mulheres devotas, quanto com aquela voltada ao estudo da saúde e da medicina, para fundamentar a discussão dos registros que o religioso fez das doenças que essa mulher experimentou ou observou no período em que viveu neste convento lisboeta, na primeira metade do século XVIII, bem como as práticas de cura por ela adotadas ou recomendadas pelo confessor. A análise realizada contribui para a compreensão não apenas da relação existente entre religiosidade e conhecimentos médicos no Setecentos, mas, também, dos significados atribuídos às doenças e às curas pelas mulheres enfermas enclausuradas e por seus confessores.
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