Subjetividade, melancolia e realismo: leitura de O verão tardio, de Luiz Ruffato

• Andrade, Patrícia H. Baialuna de ^[1]
  1. [1] Brigham Young University

     Brigham Young University

     Estados Unidos

     
• Localización: Revista de letras, ISSN-e 1981-7886, ISSN 0101-3505, Vol. 61, Nº 1, 2021, págs. 159-170
• Idioma: portugués
• Títulos paralelos:
  • Subjectivity, melancholy and realism: reading O verão tardio, by Luiz Ruffato
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• Resumen
  • English

    This paper aims to analyze the temporal relations and the hostility of the surrounding spaces experienced by the narrator-protagonist of O verão tardio (2019), by Luiz Ruffato. We propose that the realism in this work is not due to the richness of detail with which the narrator describes the world around him, or the objectivity of the narrative that evokes social critique, but rather the subjectivity of a particular - and therefore limited - gaze about the same fictional world. The confessional tone of the first-person narrative is the first element to establish empathy between the reader and the protagonist - a melancholic man, whose physical sensations are on the surface of the text and whose mechanical and repetitive gestures question the value of adapting to social expectations, and the relationship between the subject, his past and his hopelessness regarding the future. We rely on the theoretical support of Schøllhammer’s (2009, 2012, 2020) discussions about affective realism as a trend in recent Brazilian literature (to which we align our reading of the novel), Pellegrini’s critical observations on Ruffato’s work and the contributions of Ginzburg (2012, 2017) about the narrator, and about violence and melancholy as constitutive elements of relationships throughout the history of Brazilian literature and society.

  • português

    Este trabalho propõe a análise das relações temporais e da hostilidade do universo circundante vivenciada pelo narrador-protagonista de O verão tardio (2019), de Luiz Ruffato. Propomos que o realismo nesta obra se dá não pela riqueza de detalhes com que o narrador descreve o mundo à sua volta, ou pela objetividade do relato vinculado a críticas e anotações sociais, mas antes pela subjetividade de um olhar particular – e, portanto, limitado – sobre o mesmo mundo. O tom confessional da narrativa em primeira pessoa é o primeiro elemento para estabelecer-se empatia entre o leitor e o protagonista - homem melancólico, cujas sensações físicas estão à flor do texto e cujos gestos mecânicos e repetitivos questionam o valor da adequação às expectativas sociais, e a relação entre o sujeito, seu passado e (des)esperança no futuro. Contamos com o respaldo teórico das discussões de Schøllhammer (2009, 2012, 2020) acerca do realismo afetivo como tendência na literatura brasileira recente (à qual alinhamos nossa leitura do romance), de observações críticas de Pellegrini sobre a obra de Ruffato e das contribuições de Ginzburg (2012, 2017) a respeito do narrador e da violência e melancolia como elementos constitutivos das relações através da história da literatura e da sociedade brasileiras.