O novo livro de Isabel Castro Henriques reúne trabalhos publicados nos últimos trinta anos. A primeira parte tem valor de manifesto, ao apresentar-se como um combate por uma história de África liberta dos mitos construídos pela historiografia portuguesa. A segunda parte é composta por um dossier de imagens de africanos e africanas, que circularam na Europa desde o século xvi, incidindo sobretudo no período posterior à Conferência de Berlim (1884-1885). Devidamente legendadas, as imagens revelam um evidente racismo. Na terceira e última parte, compilam-se abordagens temáticas: aos italianos que participaram no projeto colonial português dos séculos xv e xvi; às mulheres africanas, na sua relação com o comércio ou com o seu envolvimento em práticas de mestiçagem; da questão da antropofagia, enquanto construção europeia, à presença angolana nos documentos escritos portugueses; e, por último, à figura do herói colonial, entre a afirmação dos “exploradores” e dos “pacificadores” de África, no século xix, até à sua negação, depois das independências.
Escrito de forma clara por uma historiadora, que é também uma defensora de causas – do anti-colonialismo ao anti-racismo, da necessidade de dar voz às minorias, nos livros, nos programas de histórias, no espaço público em geral, sem esquecer a necessidade de criação de um espaço autónomo para a história de África – este livro enquadra- -se numa obra vasta que tem contribuído para renovar a investigação e o ensino da história de África e do colonialismo português
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