Este artigo centra-se nas viagens realizadas a Espanha por Brito Camacho, fundador do jornal A Luta (1906) e do Partido Unionista (1912). Registadas essencialmente nas obras Impressões de Viagem, Cartas a um jornalista (1913) e Longe da Vista (1918), essas viagens dão imagem de uma figura pública portuguesa que contrariou um patriotismo exacerbado, em voga em alguns sectores intelectuais portugueses ao longo das primeiras décadas do século XX, o qual tendia para rejeitar qualquer tentativa de aproximação entre os países ibéricos. Não se restringindo a narrações literárias de paisagens e lugares, nessas obras, Brito Camacho procurou pensar não apenas as relações entre Portugal e Espanha, mas descrever os dois povos a partir da sua identidade e estilos de vida. Sendo relevantes em termos de opinião, os seus escritos sobre a Espanha permitem perceber que caminho entendia o autor que poderia seguir a Península Ibérica caso Portugal e Espanha juntassem esforços para superar as crises crónicas que os afetavam. Através da contextualização do seu pensamento dentro daquilo que foi a discussão dos iberismos e das relações ibéricas, o artigo analisará os esforços de Camacho para conhecer e dinamizar as relações com o país vizinho, sempre numa esfera utópica que esbarrava num patriotismo instigado pelo “perigo espanhol”, ou pelo medo de que Afonso XIII invadisse Portugal.
This article focuses on the trips to Spain made by Brito Camacho, founder of the newspaper A Luta (1906) and the Partido Unionista (1912). Mainly registered in the works Impressões de Viagem, Cartas a um jornalista (1913) and Longe da Vista (1918), these trips portray a Portuguese public figure who countered an exacerbated patriotism, very much in vogue in Portugal throughout the first decades of the twentieth century, which tended to reject any attempt to bring the Iberian countries closer together. Not limited to literary descriptions of landscapes and places, in these works Brito Camacho sought not only to reflect on the relations between Portugal and Spain but also to describe both countries through their cultural traditions and lifestyles. Being relevant in terms of opinion, his writings on Spain allow us to understand which path the author believed the Iberian Peninsula could follow if Portugal and Spain joined forces to overcome the chronic crises that affected them. Through the contextualization of his ideas within the larger discussion of the concepts of Iberism and the Iberian relations, the article will analyze Camacho’s efforts to understand the relations with the neighboring country, always in a utopian sphere that collided with a patriotism instigated by the “Spanish danger,” or by the fear that Afonso XIII would invade Portugal.
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