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Resumen de A revista Tricontinental e a construção do Terceiro Mundo: conceito, itinerâncias e sensibilidades

Lídia Maria de Abreu Generoso

  • português

    Na segunda metade do século XX, o Terceiro Mundo emergiu como uma importante categoria política, orientando formas de se estar e situar em relação ao mundo, como atestado pela Conferência Tricontinental realizada na Havana de 1966. Este trabalho estuda uma publicação fundada pelo encontro, a revista Tricontinental, com o objetivo de compreender seus esforços para tecer os laços políticos e discursivos que deveriam unir essa coletividade. Para essa construção do Terceiro Mundo, a revista mobilizou debates teóricos e figurações narrativas, além de engendrar redes transnacionais de solidariedade. Nas páginas da publicação, o conceito de Terceiro Mundo ganhou contornos multifacetados e se entrelaçou a aportes teóricos como a Teoria da Dependência e as apropriações do marxismo por movimentos de libertação nacional. Figurações compartilhadas – como o oximoro no relato dos antagonismos coloniais ou o tom heroico das narrativas sobre a luta armada e seus protagonistas – demonstram as elaborações simbólicas e dimensões sensíveis desse empreendimento. Em seus bastidores, por sua vez, o processo de edição da Tricontinental permite constatar o papel da publicação em ter engendrado itinerâncias e redes intelectuais que conectaram intelectuais e militantes ao redor do globo. O Terceiro Mundo, portanto, esteve intimamente relacionado com a Tricontinental, não só na medida em que mobilizou sua fundação, mas também por que viria a ser ele próprio construído por esse projeto editorial.

  • English

    In the second half of the 20th century, the Third World emerged as an important political category, orienting ways to be and position oneself in relation to the world, as attested by the Havana Tricontinental Conference held in 1966 in Havana. This work studies a publication founded by the meeting, the Tricontinental magazine, with the goal of comprehending its efforts to weave the political and discursive ties that were to unite this collectivity. To build the Third World, the magazine mobilized theoretical debates and narrative figurations, and also engendered transnational solidarity networks. Throughout the pages of the Tricontinental, the Third World concept gained multifaceted contours and was linked to theoretical frameworks such as the Dependency Theory and the appropriations of Marxism by national liberation movements. Shared figurations – such as the oxymorons in relating colonial antagonisms or the heroic tone of narrating armed struggle – demonstrate the symbolic elaborations and sensible dimensions of this enterprise. Backstage, the process of editing the Tricontinental magazine allows one to attest the organization’s role in engendering itineraries and transnational networks that connected intellectuals and militants from across the globe. The Third World was, therefore, intimately related to the Tricontinental, not only in the way it mobilized its establishment, but also because it would come to be itself built by this editorial project.


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