Resumen de Corpos discursivos: a construção da maternidade na obra de Bianca Dias

Gisele Angelina Bassani, Jacob dos Santos Biziak

• English

  In our research we tried to develop a perspective of analysis of the book Névoa e Assobio, of Bianca Dias with illustration of Julia Panadés, with the intention of reflecting about the discursive construction of motherhood and its relations with mourning and melancholy. For the development of our considerations, we are mainly based on the works of Mikhail Bakhtin (for the study of narrative and discursive functioning from the point of view of dialogic enunciation) and Sigmund Freud (to study the concept of subject, mourning and melancholy in the psychoanalytic view). Although Bakhtin and Freud are considered, by an expressive part of the critic, as incompatible, we sought to articulate the two authors in different aspects of our study, safeguarding the differences between the both. In this perspective, the book in question is configured as a kind of diary, in which the enunciator portrays, in an emotional way, episodes of her life. The episodes focus on the experience of losing a child, evidencing the suffering (mourning) through which the enunciator passes. Thus, the way the episodes are narrated demonstrate a construction surrounding the image of the maternal figure, contributing to the discursive construction of the effects of complexity that would be inherent to motherhood.

• português

  Em nossa pesquisa procuramos desenvolver uma perspectiva de análise do livro Névoa e Assobio, de Bianca Dias com ilustrações de Julia Panadés, com a intenção de refletir sobre a construção discursiva da maternidade e as suas relações com o luto e a melancolia. Para o desenvolvimento de nossas considerações, fundamentamo-nos, principalmente, nas obras de Mikhail Bakhtin (para estudo do funcionamento narrativo e discursivo do ponto de vista da enunciação dialógica) e Sigmund Freud (por sua vez, para estudo do conceito de sujeito, luto e melancolia na visada psicanalítica). Ainda que Bakhtin e Freud sejam tidos, por parte expressiva da crítica, como incompatíveis, buscamos uma articulação dos dois em aspectos diferentes de nosso estudo, salvaguardado as diferenças entre ambos. Nessa perspectiva, o livro em questão se configura como uma espécie de diário, no qual a enunciadora retrata, de maneira emocionada, episódios de sua vida. Os episódios concentram-se na experiência da perda de um filho, evidenciando o sofrimento (luto) pelo qual a enunciadora passa. Assim, o modo como os episódios são narrados demonstram uma construção acerca da imagem da figura materna, contribuindo para a construção discursiva de efeitos de complexidade que seriam tidos como inerentes à maternidade.