Brasil
Proponho uma compreensão poética do memoríalismo lírico a partir da dicção de Cecília Meireles, Marly de Oliveira, Helena Parente Cunha e Astrid Cabral. Os poemas selecionados, ao se constituírem como metamemória, apontam para a natureza ilimitável da própria memória que, sendo assim, torna improcedente: fragmentar o tempo em momentos estanques (exclusivamente presente, passado e futuro); demarcar fronteiras entre percepção e imaginação, realidade e ficção; separar lembrança e esquecimento; limitar o sujeito da recordação a uma concepção fechada e individualizadora. Ao desvelar-se, velando-se, a memória nos revela, em sua natureza inventiva a temporalidade humana tridimensional; o mais além do acontecido e do ficcionalizado; o drummondiano "esquecer para lembrar", na experiência de alétheia (des-esquecimento e verdade) e o constituir-se e reconstituir-se incessante do sujeito no jogo intersubjetivo das identidades.
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