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A arte como refúgio: intertextualidade, espaço e (imagi)nação em “Aqueles dois”, de Caio Fernando Abreu

  • Autores: Jacob Brown
  • Localización: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, ISSN 1518-0158, ISSN-e 2316-4018, Nº. 60, 2020 (Ejemplar dedicado a: Literatura e ditadura)
  • Idioma: portugués
  • Títulos paralelos:
    • El arte como refugio: intertextualidad, espacio y (imagi)nación en “Aqueles dois”, de Caio Fernando Abreu
    • Art as Refuge: Intertextuality, Space, and (Imagi)nation in “Aqueles dois,” by Caio Fernando Abreu
  • Enlaces
  • Resumen
    • español

      Este artículo analiza la intertextualidad en “Aqueles dois” [“Aquellos dos”], de la colección Morangos mofados (1982), de Caio Fernando Abreu. Muchos estudios se acercan al cuento mediante la teoría queer, pero sólo algunos examinan atentamente sus diversas referencias intertextuales al arte, a la poesía, a la música y al cine. Las obras referenciadas suelen venir asimismo del extranjero, contribuyendo a la visión cosmopolita del cuento para un Brasil en plena transición de la dictadura militar a la democracia. El presente artículo, por lo tanto, argumenta que la intertextualidad en “Aqueles dois” no solamente sugiere la atracción homoerótica entre los protagonistas, Raul y Saul, sino que también enriquece los espacios públicos e íntimos del cuento con significado simbólico. Específicamente, las alusiones al cuadro “Cuarto en Arles”, de Vincent Van Gogh, refuerzan el sentido de seguridad y tranquilidad que los protagonistas disfrutan mientras están juntos en casa – y fuera de la mirada pública. Además de pintura, las referencias a la poesía de Walt Whitman, a los boleros y a las películas de Hollywood no solamente intensifican la temática homoafectiva del cuento, sino que también representan un refugio adonde los protagonistas se fugan de la represión de la sociedad brasileña, aunque sólo a través del arte y de la imaginación. De este modo, la intertextualidad es fundamental para la dimensión social de la obra de Caio Fernando Abreu. A pesar de la apertura de la vida cultural de Brasil después de la promulgación de la Ley de Amnistía de 1979, “Aqueles dois” atesta a la homofobia como legado de la dictadura durante el periodo de la transición, y sigue siendo una lectura pertinente en la actualidad.

    • English

      This article analyzes intertextuality in “Aqueles dois” [“Those Two”], from the collection Morangos mofados [“Spoiled Strawberries”] (1982), by Brazilian author Caio Fernando Abreu. Many studies have approached the short story through a queer theoretical lens, but only a few have deeply engaged with the its various intertextual references to art, poetry, music, and film. Moreover, the artistic, literary, and pop cultural works that are referenced in the short story tend to be from abroad, thereby composing a cosmopolitan vision for a Brazil still in transition from military dictatorship to democracy. This article therefore argues that intertextuality in “Aqueles dois” not only hints toward the homoerotic attraction between the protagonists, Raul and Saul, but also enriches the story’s public and intimate spaces with symbolic meaning. Specifically, the allusions to the painting “Bedroom in Arles,” by Vincent Van Gogh, reinforce the sense of security and peace that the protagonists enjoy while being together inside of each other’s apartments – and outside of the public eye. In addition, the references to the poetry of Walt Whitman, to Hispanic American boleros and to Hollywood cinema not only intensify the story’s homoerotic overtones but also represent a refuge in which the protagonists escape the repression of Brazilian society, if only through the transportive power of art and imagination. Intertextuality thus plays a fundamental role within the sociopolitical dimension of Caio Fernando Abreu’s work. Despite the gradual opening of political and cultural life after the 1979 Amnesty Act, “Aqueles dois” attests to the dictatorship’s legacy of homophobia in Brazil during the period of transition to democracy, and it continues to be relevant reading to this day.

    • português

      Este artigo analisa a intertextualidade em “Aqueles dois”, do livro Morangos mofados (1982), de Caio Fernando Abreu. Diversos estudos investigam o conto por meio da teoria queer, mas só alguns examinam atentamente suas diversas referências intertextuais à arte, à poesia, à música e ao cinema. As obras de arte e cultura que são referenciadas, aliás, tendem a vir do exterior, contribuindo para visão cosmopolita do conto para um Brasil que ainda estava em plena transição de Ditadura Militar à democracia. Portanto, o artigo argumenta que a intertextualidade em “Aqueles dois” não somente sugere a atração homoerótica entre os protagonistas, Raul e Saul, mas também enriquece o significado simbólico dos espaços públicos e íntimos do conto. Especificamente, as referências ao quadro “Quarto em Arles”, de Vincent Van Gogh, reforçam o senso de segurança e tranquilidade que os protagonistas gozam enquanto estão juntos em casa – e fora do olhar público. Além de pintura, as referências à poesia de Walt Whitman, aos boleros hispano-americanos e ao cinema de Hollywood não apenas intensificam a temática homoafetiva do conto, mas também representam um refúgio aonde os protagonistas fogem da repressão da sociedade brasileira, mesmo só através da arte e da imaginação. Deste modo, a intertextualidade é fundamental para a dimensão social da obra de Caio Fernando Abreu. Apesar da abertura da vida cultural do Brasil, depois da promulgação da Lei de Anistia em 1979, “Aqueles dois” atesta a homofobia como legado da ditadura durante o período da transição, e continua sendo uma leitura relevante na atualidade.


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