Parte de la literatura brasileña contemporánea muestra un vigoroso esfuerzo en la lucha contra el olvido sobre el período de la dictadura cívico-militar vivido entre 1964 y 1985. Entre esta producción se encuentran las obras de una nueva generación de escritores que se ocupan de los restos del pasado, a menudo del registro autobiográfico, de las miradas impregnadas de distancia y de la perspectiva de los niños. En algunos de estos relatos, la presencia de personajes viajeros, desterritorializados y que se desplazan entre fronteras e idiomas, parece sugerir que la obra de la memoria se construye a partir del caminar y de los desvíos que a menudo evaden los límites impuestos por las barreras de la identidad y la nacionalidad. Es a partir de esta percepción y de una reflexión sobre los conflictos en torno a los recuerdos del último ciclo de dictaduras en el Cono Sur que propongo la lectura de Noite dentro da noite (2017a), de Joca Reiners Terron. Presentada como una autobiografía, la novela es narrada por el personaje Curt Meyer-Clason, el conocido traductor de Guimarães Rosa al alemán. Es este misterioso narrador quien vincula lentamente la infancia del protagonista amnésico con el pasado reciente de Brasil y Paraguay bajo dictaduras. Esta propuesta de lectura está atravesada inevitablemente por el contexto actual de fragmentación del horizonte democrático contemporáneo.
Part of contemporary Brazilian literature shows a vigorous effort in the fight against forgetfulness about the period of the civil-military dictatorship lived between 1964 and 1985. Among this production are the works of a new generation of writers who deal with the remains of the past, often from autobiographical record, from points of view permeated by distance, and the perspective of children. In some of these accounts, the presence of traveling characters, deterritorialized and moving between borders and languages, seems to suggest that the work of memory is built from walking and detours that often evade the limits imposed by barriers of identity and nationality. It is from this perception and from a reflection on the conflicts around the memories of the last cycle of dictatorships in the Southern Cone that I propose a reading of Noite dentro da noite (2017a), by Joca Reiners Terron. Presented as an autobiography, the novel is narrated by the character Curt Meyer-Clason, the well-known translator of Guimarães Rosa into German. It is this mysterious narrator who slowly links the childhood of the amnesic protagonist to the recent past of Brazil and Paraguay, both under dictatorship. Such a reading is inevitably cut through by the current context of fragmenting the contemporary democratic horizon.
Parte da literatura brasileira contemporânea evidencia um vigoroso esforço na luta contra o esquecimento sobre o período da ditadura civil-militar vivida entre os anos 1964 e 1985. Entre tal produção, encontram-se os trabalhos de uma nova geração de escritores que lidam com os restos do passado a partir, muitas vezes, do registro autobiográfico, de olhares permeados pela distância e pela perspectiva infantil. Em alguns desses relatos, a presença de personagens viajantes, desterritorializados, e deslocando-se entre fronteiras e idiomas parecem sugerir que o trabalho da memória se aprofunda a partir do trânsito, do caminhar e de desvios que frequentemente eludem os limites impostos por barreiras identitárias e de nacionalidade. É a partir dessa percepção e de uma reflexão sobre os conflitos em torno das memórias do último ciclo de ditaduras do Cone Sul que proponho a leitura de Noite dentro da noite (2017a), de Joca Reiners Terron. Apresentado como uma autobiografia, o romance é narrado pelo personagem Curt Meyer-Clason, o conhecido tradutor de Guimarães Rosa para o alemão. É esse narrador misterioso que lentamente enlaça a infância do protagonista amnésico ao passado recente do Brasil e do Paraguai sob ditaduras. Tal proposta de leitura é inevitavelmente atravessada pelo atual contexto de esgarçamento do horizonte democrático contemporâneo.
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