Socorro, Portugal
In António Sérgio’s thought, individual memory apparently occupies an insignificant place. In the context of such a varied work everything seems to obey to a unitary and rationalist ideal of intimate coherence, an impulse for citizenship and expectation of a better future. Which is understandable if we consider the intentionality of progress, the libertarian mark and the thirst for absolute that runs through his ideology. However, forgotten autobiographical passages – way of observing and confronting himself with his intimate secret – reveals a complex self-portrait in which the need to self-justify the call for action becomes evident alongside a dimension that has long been denied: the romantic and mystical mark of a dissident. Dissident from the political and intellectual elites of his time, from a mentality dominated by the material dimension of life and the superstition of power.
No pensamento de António Sérgio a memória individual ocupa aparentemente um lugar insignificante. No contexto de uma obra tão variada tudo parece obedecer a um ideal racionalista unitário de coerência íntima, a um impulso para a cidadania e expectativa de futuro melhor – o que se compreende se atendermos à intencionalidade de progresso, à marca libertária e à sede de absoluto que percorre o seu ideário. No entanto, a releitura de passagens autobiográficas esquecidas – modo de se observar a si mesmo e de se confrontar com o seu segredo íntimo – revela um complexo auto-retrato em que se torna evidente a necessidade de autojustificar o apelo de acção, a par de uma dimensão que durante muito tempo lhe foi negada: a marca romântica e mística de um dissidente das elites políticas e intelectuais do seu tempo, relativamente a uma mentalidade dominada pela dimensão material da vida e pela superstição do poder.
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