Coimbra (Sé Nova), Portugal
Durante o confinamento, Gonçalo M. Tavares publicou, no jornal Expresso, crónicas diárias, intituladas Diário da peste. Convocando os mapas de Voyage autour de ma chambre, de Xavier de Maistre, e na ressonância do Diário do ano da peste, de Daniel Dafoe, o autor de Uma viagem à Índia comprova a falsa sinonímia entre viagem, périplo, deslocação, percurso, excursão, itinerância, travessia e caminhada. Se as viagens marítimas nos levaram ao outro lado do mundo, este Diário da peste é um convite à navegação metafísica do pensamento, para chegarmos ao outro lado de nós mesmos, para nos repensarmos nas nossas fraturas enquanto indivíduos e sociedade. A pandemia fomentou dissidências ontológicas, sociais, políticas, entre outras, tornou-nos hostes (inimigos/estrangeiros) até de nós mesmos. Iremos reflectir, primeiramente sobre a labilidade e dissidência genológica na produção literária do autor, em seguida, faremos uma leitura orgânica destes Diários, explorando as várias dissidências em torno dos principais topoi da obra.
During confinement, Gonçalo M. Tavares published daily chronicles entitled Diário da peste in the newspaper Expresso. Following the maps of Voyage autour de ma chambre of Xavier de Maistre, and inspired by Daniel Dafoe, the author of Uma viagem à Índia underlines the false synonymy between the concepts: travel, tour, route, journey, excursion, itinerancy, crossing and walking. If sea travel took us to the other side of the world, this Diário da peste is an invitation to the metaphysical navigation of thought to get to the other side of ourselves, rethinking our relations and society. The pandemic deepened ontological, social, political dissidences, among others, we became hostes (enemies/foreigners), even of ourselves. We aim to analyze the genological dissidence of Gonçalo M. Tavares’ literary production and to present a reading of Diário da peste, scrutinizing the main topics and dissidences.
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