Coimbra (Sé Nova), Portugal
10Samuel José Oliveirada aisthesis, da mneme, da anamnesis, da epythumia e do doxazein (representado pela figura do escriba). Finalmente, tais análises acabam por vincar que toda a nossa apresentação radica no doxazein – de sorte que (para usar a imagem de 38e) as nossas aistheseis, as nossas mnemai, etc. são intrinsecamente relativas a esse “escriba” em nós, que, com a ajuda de um “pintor”, escreve continuamente o “livro” da nossa própria vida . Palavras‑chave: aisthesis, mneme, anamnesis, epythumia, doxazein .AbstractThis article focus on one of the problems discussed in Philebus 33c8-39e7. This problem involves a) the meaning of the concepts aisthesis, mneme, anamnesis, epythumia and doxazein, b) the specific nature of the perspectives sc. of the type of presentation that, in each case, corresponds to these concepts, c) the relationship among these different perspectives and, also, d) the question of knowing how our own perspective, sc. the presentation we have, is constituted or “assembled”. From a methodological point of view, we take Philebus 33c-39e as a sort of challenge to the usual understanding of “appearing” – dominated by the idea that this is something constituted “en bloc” and in an immediate form, arising purely and simply through “our opening our eyes” – and consider the alternative understanding outlined in this passage. In fact, our reading of Philebus leads us to think that “appearing” has, to tell the truth, a composite character and corresponds to the cumulative effect of successive stages of revelation which go beyond and modify each other. It is this multiplicity of ways of appearing that are irreducible to each other and separated by jumps or discontinuities that is precisely at stake in the analyses of aisthesis, mneme, anamnesis, epythumiaand doxazein (represented by the scribe figure). Lastly, these analyses end up stressing that all our presentation is rooted in doxazein – so that (to use the image in 38e) our aistheseis, our mnemai, etc. are intrinsically related to this “scribe” in us, who, with the help of a “painter”, is continuously writing the “book” of our very own life
Neste artigo foca-se um dos problemas discutidos no Filebo 33c-41a. Esse problema prende-se a) com o significado das noções de aisthesis, mneme, anamnesis, logismos e doxazein, b) com a especificidade das perspectivas sc. do tipo de apresentação que, em cada caso, corresponde a tais noções, c) com a relação entre essas diferentes perspectivas e, ainda, d) com a questão de saber como está constituída ou “montada” a nossa própria perspectiva sc. a apresentação que temos. Metodologicamente, tomamos o Filebo 33c-41a como uma espécie de desafio à compreensão habitual do “aparecimento” – dominada pela ideia de que este é algo constituído “em bloco” e de forma imediata, que se dá pura e simplesmente por “abrirmos os olhos” – e consideramos a compreensão alternativa que se desenha neste passo. Com efeito, resulta da nossa leitura do Filebo que o “aparecimento” tem, na verdade, um carácter composto e corresponde ao efeito acumulado de sucessivos passos de desvendamento que se ultrapassam e modificam uns aos outros. É esta multiplicidade de formas de aparecer irredutíveis umas às outras e separadas por saltos ou descontinuidades que justamente está em causa nas análises da aisthesis, da mneme, da anamnesis, do logismos e do doxazein (representado pela figura do escriba). Finalmente, tais análises acabam por vincar que toda a nossa apresentação radica no doxazein – de sorte que (para usar a imagem de 38e) as nossas aistheseis, as nossas mnemai, etc. são intrinsecamente relativas a esse “escriba” em nós, que, com a ajuda de um “pintor”, escreve continuamente o “livro” da nossa própria vida.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados