Socorro, Portugal
É indispensável problematizar as crescentes oportunidades de participação promovidas pelas novas tecnologias para a exposição de narrativas autobiográficas das mulheres na sociedade (patriarcal) contemporânea profundamente mediatizada. Se por um lado, a arquitetura das redes online, que proporciona certo grau de anonimato, facilita a desinibição e a publicidade da intimidade, permitindo a exposição das vivências de mulheres que questionam a cultura machista e o controle patriarcal sobre seus corpos, por outro, essa mesma arquitetura proporciona a livre expressão que associada, em alguns casos, a uma ausência de civilidade, legitima uma cultura misógina, racista, homofóbica, xenófoba, preconceituosa e discriminatória que reafirma o que há de mais cruel nas estruturas sociais normativas, às vezes sob o pretexto de proteger a liberdade de opinião. Ao lado de admiração e elogios, também encontramos muitos comentários com ofensas, insultos, ameaças e ódio direcionados às mulheres que expressam suas experiências e vivências nas redes online. No campo de pensamento sobre “ser mulher”, este artigo debate os desafios e oportunidades trazidos pela Internet e as novas tecnologias digitais para a exposição de histórias pessoais, busca e debate de questões sociopolíticas que afetam a o dia a dia das mulheres.
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