A maior parte do que foi escrito sobre a experiência das comunidades hereros vivendo nas “reservas nativas” da Namíbia durante os anos 1940–1970 — reconhecido como o período formativo do ativismo político nacionalista — trata dos embates entre as lideranças africanas do território e a administração colonial sul-africana, que começava a implementar o apartheid na região. Neste artigo, sugere-se que a oposição ao domínio europeu não caracteriza, de modo unívoco, a experiência dessas populações nesse período, já que é ditada, antes de tudo, pelos desafios concretos que elas enfrentaram para sobreviver nas áreas que lhes foram alocadas: regiões ecologicamente desfavoráveis para suas comunidades e para seus rebanhos, estes, sua principal fonte de subsistência. Além disso, afirma-se que essa luta está articulada a diferentes formas de classificar espaços e identidades e, particularmente, aos significados associados à terra, que subsidiam a ideologia e os termos da luta herero contra a opressão.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados