A Antropologia tem sido definida por sua metodologia: o trabalho de campo. No contexto contemporâneo, entretanto, são muitas as transformações e as negociações entre pesquisadores e grupos pesquisados que podem se prolongar por caminhos imprevistos. Procurarei neste artigo abordar algumas delas a partir da pesquisa entre os Katukina (pano), localizados no Acre, ao longo de vinte anos. A frase que dá título ao artigo pretende resumir as transformações em torno das negociações sobre a presença da antropóloga em campo, quando parecem se tornar insuficientes a militância e a parceria políticas. Buscar-se-á, a partir deste caso particular, mostrar como a posição das lideranças se gestou gradualmente e se articulou com a valorização cultural relacionada à popularização do kampô no meio urbano e ao suposto risco de biopirataria. Qual o valor, afinal, do trabalho de campo para os diferentes sujeitos e que os coloca momentaneamente em desacordo?
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