Dentre as contribuições da boa etnografia às Ciências Sociais, destacase seu potencial crítico e criativo para a revisão e expansão de conceitos. Nesse sentido, os artigos que compõem o livro A persistência da história, organizado por Clara Carvalho e João de Pina Cabral (2004) são exemplares. Rica em dados etnográficos e históricos, a obra pode ser tomada como um caleidoscópio cujas imagens refletem, sob diferentes ângulos, perspectivas inovadoras e bem articuladas das sociedades “coloniais”, “pós-coloniais” e/ou crioulas localizadas em Portugal e em territórios africanos que, no passado, estiveram sob hegemonia lusitana. Na direção das sugestões apresentadas por Ahmad (1995), parte significativa dos artigos do livro evoca a necessidade de colocarmos o imperialismo e a maneira de nos referirmos às sociedades estruturadas em interação com ele - as denominadas sociedades “póscoloniais” - em seu devido lugar.
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