Cette étude propose une réflexion sur la nature du pouvoir politique et institutionnel, visible surtout dans le domaine para-ecclésial, dont ont joui bon nombre de filles de rois ou de comtes de l’occident et du centre de la péninsule ibérique entre le Xe et le XIIe siècle. L’historiographie a représenté quelques unes de ces femmes sous les traits de proches conseillères des rois dont elles étaient les sœurs ; la documentation suggère que leur pouvoir était exercé en collaboration étroite avec un élément masculin de la dynastie royale ou comtale investi de souveraineté; et la tradition a taxé d’inceste le couple le plus notoire, constitué par Alphonse VI et l’infante Urraca Fernández. Le point de vue de l’auteur est que ceci ne configure pas des situations fortuites de partage de pouvoir, mais la récurrence d’un modèle de division héréditaire de la souveraineté. Ce modèle, dont il se peut que les racines plongent dans des particularismes matrilinéaires de l’ancien système de succession royale asturien qui auraient été refonctionnalisés en contexte patrilinéaire, accordait à la sœur la prérogative symbolique de légitimer l’exercice de la domination du territoire par le frère.
Propõe-se neste estudo uma reflexão sobre a natureza do poder de um número não negligenciável de personagens femininas, filhas de reis ou de condes do centro e do ocidente peninsular que, entre os séculos X e XII, tiveram um importante papel político e institucional, desempenhado sobretudo num âmbito para-eclesial. A historiografia retratou algumas destas mulheres como conselheiras dilectas dos reis seus irmãos; a documentação sugere que o poder por elas detido era exercido em aliança estreita com um membro masculino da dinastia real ou condal, investido de funções soberanas; e a tradição lançou sobre o par mais notório, Afonso VI e a infanta Urraca Fernandes, um libelo de incesto. A perspectiva adoptada sustenta que não se terá tratado de situações fortuitas de partilha de poder, mas da repetição de um padrão de herança repartida da soberania. Tal padrão, cujas raízes mergulhariam em particularidades matrilineares do antigo sistema de sucessão régia asturiano refuncionalizadas num contexto patrilinear, concederia à irmã a prerrogativa simbólica de legitimação do exercício fraterno do domínio sobre o território.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados