This article arises from a study in progress which aims to learn about squats and the struggle for housing by focusing on a specific group of its residents, namely children ollowing the fire in the Wilton Paes de Almeida building on May 1, 2018, 200 people, including many children, came to occupy Paissandu Square, in the city of São Paulo. This event imposed itself on the path already taken by the study, becoming part of it and offering itself as a rich opportunity to learn about aspects related to the occupation and production of space, starting with the children who composed it daily, and revealing forms of struggle that consisted of donations and negotiations with the municipal government. To that end, field observations were carried out from May until August 10, 2018, when the last occupants were removed from the square. Being a qualitative study, interviews and talks were conducted involving adults and children. The relationship of girls and boys with the physical space, especially the so-called Praia Urbana (Urban Beach), showed their ability to turn the space into a place of coexistence involving processes of creation, play, conflicts, disputes and constant dialogues, which provides insight into different forms of abbreviation of their lives – comprising not only physical death – in a political project that chooses the lives that, in their precariousness, matter.
Este artigo decorre de recorte de pesquisa em andamento, cujo propósito é conhecer ocupações e a luta por moradia a partir de um grupo específico de seus moradores, a saber: as crianças. Após o incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida, em 1 de maio de 2018, 200 pessoas, entre elas muitas crianças, passaram a ocupar o Largo do Paissandu, em São Paulo. Esse acontecimento impôs-se ao percurso já trilhado da pesquisa compondo-a e oferecendo-se como rica oportunidade de conhecer aspectos relacionados à ocupação e àprodução do espaço a partir das crianças que o compunham diariamente, revelando formas de luta que se constituíam de doações e negociações com o poder público municipal. Para tanto, foram realizadas observações em campo desde maio até 10 de agosto de 2018, quando os últimos moradores foram retirados do Largo. Com caráter qualitativo, foram realizadas entrevistas e conversas envolvendo adultos e crianças. As relações de meninas e meninos com o espaço físico, em especial a chamada Praia Urbana, evidenciou capacidade de transformação do espaço em lugar de coexistência envolvendo processos de criação, brincadeiras, conflitos, disputas e diálogos constantes, dando a perceber diferentes formas de abreviação de suas vidas – não compreendendo apenas a morte física – em um projeto político que escolhe as vidas que, em sua precariedade, importam.
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