O artigo pretende explorar a centralidade do reconhecimento da figura da vítima para a compreensão dos legados da violência colonial e a imaginação de narrativas e futuros alternativos. Nessa perspectiva, buscamos em nosso texto compreender, a partir das contribuições de Enrique Dussel, Aníbal Quijano e Boaventura de Sousa Santos, a importância do processo de reconhecimento das vítimas, especialmente as coloniais, na produção de uma teoria social engajada na superação de políticas de esquecimento e valorização de experiências, saberes e práticas de coletividades e sujeitos historicamente silenciados. Debruçando-se sobre as críticas que envolvem a versão eurocêntrica e hegemônica da Modernidade (Dussel , 1993), as heranças materiais e subjetivas dos arranjos coloniais (Quijano, 2005) e as possibilidades de uma sociologia transgressiva e sua consequente Epistemologia do Sul (Sousa Santos, 2010), o reconhecimento da figura da vítima e suas experiências emergem na teoria social contemporânea como processos significativos para a validação de memórias silenciadas e a imaginação de futuros impensados.
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