Elvis Patrik Katz, Andresa Silva da Costa Mutz
As disputas sociais acerca da educação vêm ocorrendo intensamente na contemporaneidade e colocam no centro da discussão a instituição escolar. A MP do Ensino Médio, a chamada PEC dos gastos, as proposições do movimento Escola Sem Partido e as diversas ocupações estudantis nas escolas são manifestações muito claras da importância que nossa sociedade dá a escola. Nesse contexto, o presente artigo debate o papel da escola básica no Brasil tendo em vista o seguinte paradoxo: como é possível que, em um cenário de tamanho descrédito para com o ensino público - na qual os discursos argumentam para a existência de uma verdadeira “crise” da educação - existam tantas articulações e confrontos que objetivem o controle dessa instituição? Ou seja, como pode a escola pública brasileira ser ao mesmo tempo apresentada como culpada por inúmeros problemas e, estranhamente, aparecer como espaço em potencial onde todos os males da sociedade serão sanados? Assim, detemos nossa análise nas falas proferidas pelo Escola Sem Partido, através de seu website oficial, e em alguns artefatos da nossa cultura, com ajuda das contribuições do campo dos Estudos Culturais e do pensamento de Michel Foucault. Nossa hipótese é que esse movimento transita entre a crítica radical da escola e, ao disputar esse espaço de exercício de poder, reafirma a potência da instituição nos dias de hoje.
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