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Resumen de Rastros de uma heterotopia urbana: o caso do Parque Ibirapuera, SP

Ana Paula Nunes Chaves, Julio Groppa Aquino

  • O presente artigo baseia-se nas reflexões de Michel Foucault acerca da temática da espacialidade com vistas a formular um panorama teórico sobre a noção de espaço e, especificamente, sobre os espaços heterotópicos. Acerca destes, Foucault propôs uma abordagem singular ao colocar em destaque espaços outros, os quais denotariam seu caráter marginal, conflitante e subversivo em relação à ordem instituída. A título de exploração de tal hipótese geral, apresentam-se os resultados de uma investigação acerca do Parque Ibirapuera, ícone urbano da cidade de São Paulo, segundo duas frentes de trabalho complementares: documentos oficiais sobre o Parque e discursos jornalísticos veiculados a seu respeito pelo jornal O Estado de S. Paulo de 1954 a 2014. Os dados analisados permitiram identificar um modo de governo que traslada a ortopedia social para o controle do espaço e das condutas, por meio do isolamento do desvio e da modulação econômica por ele gerada; detectou-se também que, mediante tal processamento, despontam rastros heterotópicos como respostas imprevistas às estratégias de governamento, ou seja, como imaginações criativas que, posicionando-se no desvio e em outros modos de existência possíveis, desafiam os mecanismos de controle vigentes. A argumentação final encaminha-se no sentido da defesa de novas perspectivas no que se refere ao trabalho analítico devotado às espacialidades urbanas, em favor de uma compreensão alargada dos vínculos que se estabelecem entre espaço, governo, resistência e (re)criação espacial.


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