O presente artigo é resultado parcial de pesquisa de pós-doutoramento desenvolvida em 2011-2012, junto à Università degli Studi di Torino, sob a supervisão do Prof. Dr. Angelo D'Orsi, com apoio da FAPESP. Seu principal objetivo é discutir, a partir de Gramsci, o papel da escola na superação da sociedade de classes, situando esse autor no contexto das teorias pedagógicas que investigam essa temática. Para tanto, são examinados inicialmente dois textos gramscianos pré-carcerários de 1919 que tratam especificamente do tema da escola: um artigo publicado no Avanti!, jornal do Partido Socialista, intitulado "A escola é uma instituição séria?", e uma crônica sem título no L'Ordine Nuovo. Em seguida, busca-se articular as considerações decorrentes desse exame com conceitos e posições do autor, expressas nos Cadernos do Cárcere, enfatizando-se as noções de "estrutura" e "superestrutura", "Estado integral", "sociedade civil", "sociedade política", "racional", "guerra de movimento" e "guerra de posição". Finalmente, conclui-se que, para Gramsci, como elemento da sociedade civil, a escola é, de fato, aparelho de hegemonia da classe dominante, mas também, contraditoriamente, terreno de luta contra-hegemônica, travada na forma de "guerra de posição" pelos intelectuais que nela têm seu campo específico de atuação: os professores. Além disso, pelas características que reúne, constitui espaço privilegiado para o contato entre os intelectuais e os "simples" e, portanto, um importante instrumento de elevação cultural de massa, do qual não devem abdicar os intelectuais comprometidos com as camadas subalternas.
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