The present article aims to sketch a parallel between two works of political philosophy: the unfinished pamphlet "From the Kingdom or Government of the Princes to the King of Cyprus" by St. Thomas Aquinas, and the well-known "The Prince" by Niccolo Machiavelli. The collation of texts allows direct approximations between two distant philosophical moments through the similar theme, through the philosophical treatment of the classical tradition, and through the subtlety of the argument that relates the common good to the private, in the political relations. The analysis is divided into two thematic parts: the definition of ruler, and the characteristics of his craft. In Thomas, the influence of Aristotelian politics is articulated with the way in which the private purpose of the ruler is established in a hierarchy of ends that justifies the government and is directed to the common good. In Machiavelli there is a different reception of ancient thought, connected with Roman rhetoric, and a hierarchy of ends, which is directed, similarly to the Tomasian, for the common good, but with a different treatment as to how public good relates to the private good of both the ruler and the people subjected to him. From this comparison we conclude that there is a need to establish the complexity of political philosophy in the passage from the middle ages to the renaissance that removes the idea of a total rupture and allows us to understand how the modern age keep medieval elements and develops them much more than abandon them.
O presente artigo pretende esboçar um paralelo entre duas obras da filosofia política: o opúsculo inacabado “Do reino ou do governo dos príncipes ao Rei de Chipre” de São Tomás de Aquino, e o conhecido “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel. O cotejo dos textos permite aproximações diretas entre dois momentos filosóficos distantes através da temática similar, pelo tratamento filosófico da tradição clássica, e pela sutileza do argumento que relaciona o bem comum com o privado, nas relações políticas. A análise divide-se em duas partes temáticas: a definição de governante, e, as características de seu ofício. Em Tomás, articula-se a influência da política aristotélica com o modo como a finalidade privada do governante se estabelece numa hierarquia dos fins, justificadora do governo e direcionada ao bem comum. Em Maquiavel se observa uma recepção diferente do pensamento antigo, ligado à retórica romana, e uma hierarquia própria dos fins, que se direciona, de modo semelhante ao tomasiano, para o bem comum, mas com um tratamento diferente quanto a como esse bem público se relaciona com o bem privado, tanto do governante, quanto do povo que lhe é sujeito. Desta comparação conclui-se por uma necessidade de estabelecer a complexidade da filosofia política na passagem da idade média para o renascimento que afaste a ideia de uma ruptura total, e permita entender como a idade moderna partilha, em continuidade, elementos medievais e os desenvolve muito mais do que os abandona.
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