Mulheres de Cinzas, primeiro livro da trilogia histórica Areias do Imperador de Mia Couto, é um romance narrado sob a perspectiva de uma jovem moçambicana e de um soldado português alternadamente. Trata-se de um romance histórico sobre o período em que o Sul de Moçambique era governado por Ngungunyane, último imperador do Estado de Gaza que, no final do século XIX, ameaçava o domínio colonial. Este artigo é resultado de um estudo da obra, com a finalidade de investigar o papel da língua como construção da identidade individual e coletiva numa sociedade em conflito entre colonizados e colonizadores, e a hibridez entre ambos como marca da experiência colonial. Parte-se, inicialmente, dos estudos históricos de Erick Hobsbawm sobre nação, língua e nacionalismo, a partir de 1780, para compreender como a maioria dos países ocidentais construiu esses conceitos. Em seguida, o romance é analisado como narrativa performativa sobre a nação, considerando seu contexto de produção (Moçambique pós-colonial), entendendo o termo “performativo” na acepção concebida por Homi Bhabha e suas reflexões sobre identidade. Nesse contexto, a língua é percebida não como um elemento de comunicação apenas, mas também de conflito no espaço lusófono.
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