Duns Scotus, a partir da teologia sobre a Trindade, prefere o conceito de pessoa de Ricardo de S. Vítor — "existência incomunicável" — ao de Boécio — "substância individual de natureza racional" —, para que sob tal conceito pudessem estar igualmente as pessoas divinas, os anjos e as pessoas humanas. Na obra primitiva Lectura, Scotus, seguindo sua doutrina sobre o princípio de individuação como sendo a differentia individualis, defende que as pessoas divinas existem independentemente das relações intratrinitárias, já que relatio é uma das categorias, existindo, portanto, apenas ao inerir à substância, que lhe é anterior. Porém, na amadurecida obra Ordinatio, Scotus prefere aderir à tradição agostiniana e tomista, segundo a qual as pessoas divinas consistem nas relações entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo porém, mantendo o conceito ricardiano de pessoa como existência incomunicável, Scotus afirma a pessoa como ultima solitudo, autônoma, mas em relações transcendentais.
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