O presente artigo examina o processo de apropriação dos desfiles de carnaval pelas torcidas uniformizadas de futebol profissional. Trata-se de analisar o caso particular das associações de torcedores paulistanos e sua participação institucionalizada no calendário festivo da cidade de São Paulo, nas três últimas décadas. A questão central do texto interroga o fato de o carnaval ter sido apropriado pelas torcidas organizadas de São Paulo, dentro de uma estratégia jurídica e institucional de sobrevivência associativa, ante as tentativas de proibição desses subgrupos no universo do futebol pelo Ministério Público desde 1995, em razão de seu comportamento violento e socialmente antidesportivo nos estádios. Por meio de uma enquete quantitativa, procura-se compreender a simbiose dessas organizações juvenis e populares em São Paulo, com a conversão dos agrupamentos de torcedores em agremiações voltadas para a prática do carnaval. Ao final, objetiva-se entender o modo de entrada das torcidas nas ligas das Escolas de Samba, o fenômeno de sua ascensão paulatina e, em especial, a visão de parte dos atores envolvidos. Conclui-se com evidências empíricas acerca da adesão expressiva da base de integrantes das torcidas organizadas ao carnaval da cidade, trânsito que pode tanto amenizar quanto potencializar conflitos no universo futebolístico e carnavalesco.
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