A idiossincrasia semântica das expressões idiomáticas é fato bem conhecido, mas ainda falta uma descrição detalhada de suas idiossincrasias no plano morfossintático. Este estudo, baseado em dados do português, concentra-se nas seguintes marcas formais, encontradas apenas em expressões fixas idiomáticas: (a) ocorrência preferencial de formas marcadas, em especial do feminino e do plural; (b) a ocorrência de nomes como núcleo do SN que não funcionam como o locus morfossintático, que governa a concordância; e (c) a impossibilidade de participação em diversos processos gramaticais, como a inversão de termos em estruturas coordenadas. Esses traços conferem a base para a hipótese de que as expressões fixas devem ser analisadas como itens lexicais, não sendo sujeitas às regularidades que governam a estrutura interna dos sintagmas em geral. Além disso, chama-se atenção para um importante traço semântico, a saber, (d) a ocorrência de estruturas anafóricas sem referência. Os dados do presente estudo provêm da elaboração do Dicionário de expressões fixas e convencionais do português brasileiro, que revelou o número surpreendente de mais de 8.500 expressões de uso normal e corrente na língua contemporânea.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados