Apesar da longa e rica tradição de investigação sobre variação linguística, os estudos sobre línguas pluricêntricas, desde o volume seminal editado por Clyne (1992), são ainda reduzidos. O pluricentrismo linguístico é um caso especial de variação intralinguística, marcado por questões de identidade e poder nacionais. Neste estudo, procuraremos identificar alguns dos principais tópicos da agenda de investigação sobre as línguas pluricêntricas, articulando a tradição da sociolinguística variacionista e a perspetiva da sociolinguística cognitiva. São apreciados modelos que dão conta da correlação entre os fatores conceptuais e os fatores sociais que determinam a variação do significado em contextos pluricêntricos e o significado da variação na mente dos falantes (Kristiansen & Dirven 2008; Geeraerts et al. 2010; Soares da Silva 2014, 2016). Especial atenção é dada também aos métodos socioletométricos baseados em perfis onomasiológicos de conceitos lexicais e funções gramaticais para medição da relativa similaridade/distância entre os diferentes centros das línguas pluricêntricas. Como aplicação e ilustração destes novos conceitos e métodos de abordagem sociocognitiva e socioletométrica do pluricentrismo linguístico, apresentaremos os resultados do nosso estudo sobre convergência e divergência entre o português europeu e o português brasileiro nos domínios lexical, construcional e atitudinal.
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