Ética e estética são duas dimensões absolutamente imbricadas no pensamento musical grego. Os princípios morais contidos, por exemplo, na teoria do éthos musical norteiam a apreciação das formas musicais, seja no que se refere à escolha dos instrumentos, dos gêneros, ou dos modos musicais (escalas). A importância que os gregos conferiam a esta intersecção entre a estética e a ética na música assumia grande relevância política, como pode ser verificado no destaque dado à educação musical. Ao avaliar a biografia dos principais homens públicos atenienses, recorrendo-se a obras como as Vidas Paralelas de Plutarco, constata-se o quanto se valorizava a influência da formação musical sobre as qualidades políticas e morais de um cidadão. Considerava-se que a música desempenhava importante papel para a constituição da virtude da kalo-kagathía (beleza-bondade), que era considerada o bem maior para um cidadão: o reconhecimento do belo e de escolha do bom, do justo. Vê-se, assim, a existência de uma pedagogia política, calcada nas noções de ética e estética, na qual o ensino musical merecia bastante atenção, como demonstram as recomendações de Platão e Aristóteles.
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