Salústio se empenha na caracterização moral da nobilitas, ao menos daquela cujos vícios teriam conduzido à exacerbação das desigualdades e finalmente à guerra civil. Entretanto, o pareamento entre César e Catão, mediante os respectivos discursos, estando o último a censurar o comportamento da pars mesma de que ele próprio é defensor, bem como o retrato de Mário, cujas qualidades iniciais teriam degenerado no vício da ambitio, apontam para um plano de construção da Conjuração de Catilina e da Guerra de Jugurta que, se pode ser acusado de parcialidade política, parece ter como pretensão uma espécie de “neutralidade” filosófica, que buscaria evidenciar os vícios de uns e outros, e assim compor, no espaço das letras, um quadro complexo: o retrato, para Salústio, de seu ideal político irrealizado. Procurarei mostrar como o discurso próprio desse ideal, presente nos prefácios àquelas monografias, se deixa entrever também na reconstrução retórica dos discursos daquelas personagens.
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