Ana Sara Ribeiro Parente Cortez
O caso de Pedro Jozé Baptista, chamado de ‘cabra podre’ e visto como ofensor numa discussão em torno dos dias e horários de trabalho e descanso, aponta para uma discussão patente não apenas no Ceará, mas no Brasil da segunda metade do século XIX: era requisitada uma nova noção de trabalho e um novo tipo de trabalhador, ‘civilizado’. Isso ocorria em razão de no Sul cearense, a noção referente ao trabalho escravo, como aviltante e degradador, influir na percepção dos homens livres sobre as lidas que eles poderiam e deveriam estar vinculados. Noutros termos, os braços do Cariri Cearense estavam inseridos num projeto maior que pensava o trabalhador ideal para o Brasil. Tratava-se de uma discussão que se confundia com a instituição do Brasil enquanto Império, e, assim, procurava expurgar as ‘vicissitudes’ do trabalho escravo no Brasil. Dessa maneira, este artigo pretende analisar o processo de transição da condição de escravizado para a livre e as implicações para a vida dos ex-escravos.
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