Este trabalho é parte de uma pesquisa sobre a construção social das mulheres de prendas domésticas, ditas de elite, de uma cidade do interior mineiro, focalizando rituais como a Coroação de Nossa Senhora e o Baile de Debutantes que marcam a passagem da menina-moça da esfera do grupo familiar para a do grupo de referência. Os rituais são momentos privilegiados onde se evidencia a manipulação dos signos de status, o capital simbólico e o investimento familiar que é feito nessa construção social. Embora tanto a Coroação como o Baile de Debutantes, enquanto rituais, se construam em torno de símbolos consensualmente identificados com a pureza - vista como ideal feminino - a minha discussão se encaminha no sentido de mostrar que esse não é o cerne da questão. Mais do que a ritualização do controle da sexualidade feminina, se constituem em espaços pedagógicos para a menina de aquisição de uma competência - a de gerir o capital simbólico familiar. E é por isto, e não pelas representações do papel feminino em jogo, que eventos aparentemente anacrônicos continuam sendo realizados.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados