No seu conto “Famigerado”, Guimarães Rosa faz um guerreiro procurar um letrado, a fim de resolver questão de vida ou morte: foilhe dirigida uma ofensa, que deve vingar, ou um elogio, que pode aceitar? Como o guerreiro vem das montanhas do São Ão, podemos sugerir que provenha da intensificação de nossa língua portuguesa, língua do não, como disse Mário de Andrade, contrastando-a com as línguas do oil, do oc e do si. Podemos também, comparando essa passagem com o capítulo do Leviatã (1651) em que Thomas Hobbes define a linguagem, apontar um âmago terrível desta última, no qual ela é guerra – e só é pacificada ao tornar-se literatura, mas enquanto jogo, enquanto extirpação de seus poderes específicos e assustadores.
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