Mesmo considerado por muitos críticos de cinema um dos mais significativos cineastas do mundo, Raúl Ruiz (1931-2011) ainda não recebeu a devida atenção em estudos acadêmicos na língua inglesa. Meu livro Impossible Cartographies (Cartografias Impossíveis) debruça-se sobre esta tarefa mapeando, da maneira mais abrangente possível, a trajetória de Ruiz, ao longo de mais de cinco décadas de prolífica produção cinematográfica- desde seu trabalho no Chile até os seus dramas europeus de grandes orçamentos, culminando no seu recente Mysteries of Lisbon (2010). Isto é feito considerando o trabalho de Ruiz - com suas fontes surrealistas, de cultura popular, neobarrocas e de realismo mágico - como um tipo de cartografia cinematográfica “impossível”, e mapeando espaços reais, imaginários e virtuais, além de cruzamentos entre contextos culturais, estratégias estéticas, e meios técnicos. Argumenta-se que, ao longo das diferentes fases do trabalho de Ruiz, existem “continuidades-chave”, tais como a invenção de imagens cinematográficas singulares e o questionamento de suas combinações possíveis. Este artigo apresentará alguns temas-chave do cinema de Ruiz, usando ideias de cartografia virtual, tableaux vivants e neobarroco para ilustrar uma série de filmes Ruiz desde Hypothesis of the Stolen Painting (1978) até Mysteries of Lisbon, seu último grande projeto.
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