Neste artigo, intentamos demonstrar como se dá a incorporação de dois temas clássicos ao sexto canto d’Os Lusíadas, de Luís de Camões (1572). Isso ocorre, no canto mencionado, ao longo das estâncias 7-37, nas quais se desenvolve o assunto da viagem a um reino (divino) sob as águas e, depois, do concílio dos deuses (marinhos). Tais desenvolvimentos camonianos encontram possíveis “antecessores”, segundo intentaremos demonstrar, no quarto livro das Geórgicas de Virgílio – visita de Aristeu à ninfa Cirene (v. 317-418) – e no décimo canto (v. 1-117) da Eneida do mesmo poeta romano. Desse modo, a leitura cotejada de Camões e Virgílio nos passos citados oferece-nos meios concretos de divisarmos a “tradição clássica” em operação na obra desse autor renascentista português.
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