Este ensaio tem como objetivo demonstrar a consciência com que Lima Barreto, no romance Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, lida com a linguagem e usa o humor e a ironia como elementos fundamentais para desmistificar sua narrativa como representação da realidade, apresentando-a como resultado estético de uma poética do artifício, que valoriza, sobretudo, o processo artístico e metalingüístico de construção do texto literário. Através dessa estratégia de criação literária, o autor procura demonstrar, mediante o recurso à ironia romântica, os artifícios dos procedimentos da construção textual, ao abrir as portas de sua oficina de produção de ilusões, para revelar ao leitor que sua arte constitui-se como um consciente e auto-consciente exercício de linguagem, fundamentado no lúdico (des) velamento das artimanhas da criação ficcional que no romance em questão se confirma como jogo textual conscientemente elaborado como arte.
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