Embora a questão do racismo venha sendo problematizada há décadas, especialmente na América Latina e na África, por teóricos de diversas áreas do campo das Ciências Humanas, aparentemente ainda são raros os estudos propriamente filosóficos a este respeito. Nesse artigo partimos de posições pontuais acerca da questão racial, manifestas por diversos pensadores – tomamos o cuidado de selecionar autores a quem podemos considerar, cada um a seu modo, co-responsáveis pela estruturação da sociedade ocidental contemporânea, seja em suas formas de organização dos estados, da justiça, dos sistemas ético-políticos. A partir destes autores, problematizamos um elemento político das teorias filosóficas, destacando que suas construções teóricas pressupõem uma certa concepção – racista, como veremos – de ser humano, a qual se reflete na própria concepção de organização social. Passamos, a seguir, para uma análise de como fenômeno similar pode ser verificado no pensamento hegeliano, o qual é tomado como ponto de partida filosófico por uma variedade dos mais relevantes filósofos deste início de século XXI. Concluímos, então, com uma crítica de perfil pós-colonialista a este padrão teórico, veladamente racista, que se constituiu como corpus filosófico eurocêntrico, influindo ainda hoje na organização social.
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