O artigo aborda uma das maiores controvérsias do campo científico contemporâneo: a relação entre a ciência, em especial as sociais, e a ética. Começando por formular o problema, equacionando a velha questão filosófica em torno da teoria do conhecimento e analisando o binômio ciência e ética, o texto recorre às pesquisas, levadas a cabo pelos autores, sobre prostituição feminina em regiões de fronteira no Norte de Portugal; expõe, ademais, os procedimentos metodológicos e éticos observados durante o trabalho de campo. Tal permite demons- trar que a pesquisa em ciências sociais possui características e modos particulares que exigem quadros de regulação éticos específicos que não são compatíveis com aqueles que se aplicam, em regra, nas ciên- cias naturais e da vida. Não sendo o pesquisador social exterior aos contextos e indivíduos sobre os quais desenvolve as suas pesquisas, daqui decorrem questões metodológicas e teórico-políticas que, sus- citando um amplo debate e divergências no interior do campo das ciências sociais, exigem códigos éticos que possam acomodar as abor- dagens críticas e emancipatórias.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados