A partir de un breve análisis de la obra conocida como Jugadores de Cartas de Caravaggio, se sugiere inicialmente una plataforma analítica sobre los diferentes regímenes de tiempo inmanentes a la experiencia del vivir y, más específicamente, a la aprehensión narrativa de lo vivido. Esto sería lo que estaría en juego también en la obra de teatro Incendios de Wajdi Mouawad, de 2003, y en la película correspondiente de Denis Villeneuve, de 2010, en cuanto un tour de force llevado a cabo por los hijos del personaje Nawal, quienes heredan la tarea de restaurar la historia personal de su madre y, por extensión, las suyas propias, haciendo que pasado y presente se enfrenten y luego se confundan en la construcción archivística de aquellas vidas. El acento argumentativo aquí deseado se vuelve no hacia una posible reapropiación preservacionista de la memoria, sino a la discontinuidad ingeniosa del archivo, según las acepciones que le confieren Michel Foucault y Arlette Farge, abriendo camino para una perspectiva de educación como empuje a un tránsito abierto y siempre inestable con el extraordinario archivo de mundo y las vertiginosas temporalidades que actúan en él. Basado en esa premisa, el texto concluye proponiendo una mirada hacia la infancia como potencia de reinvención discursiva que los más jóvenes, eventualmente, son capaces de materializar a partir de las huellas que los mayores dejan atrás.
Starting from a brief reading of Caravaggio’s painting The Cardsharps, the article begins by suggesting a theoretical platform for an analysis of the different regimes of time immanent in the experience of living and, more specifically, in its narrative apprehension. This is what is at stake in the play Scorched by Wajdi Mouawad and Denis Villeneuve’s film based on it – Incendies – which chronicles the journey of discovery undertaken by the children of one Nawal Marwan, as they inherit the task of pulling together their mother’s personal history and, by extension, their own, making past and present confront and mingle with each other in the archival forge of their lives. The discussions focus not on a preservationist reappropriation of memory, but on the ingenious discontinuity of the archive, according to the meanings which have been conferred to it by Michel Foucault and Arlette Farge, paving the way for a perspective of education as a push into an open and always unstable space of trafficking between the extraordinary archive of the world and the vertiginous temporalities acting on and within it. As such, this paper concludes proposing an approach to childhood as potency for the discursive reinvention that the young are eventually able to accomplish by following the footprints that their elders have left behind.
A partir de uma leitura sumária da obra conhecida como Os jogadores de cartas de Caravaggio, sugere-se inicialmente uma plataforma analítica acerca dos diferentes regimes de tempo imanentes à experiência do viver e, mais especificamente, à apreensão narrativa do vivido. Eis o que estaria em questão também na peça Incêndios de Wajdi Mouawad, de 2003, bem como no filme correlato de Denis Villeneuve, de 2010, no que se refere ao tour de force operado pelos filhos da personagem Nawal, os quais herdam a tarefa de recompor a história pessoal de sua mãe e, por extensão, as suas próprias, fazendo com que passado e presente se digladiem e, então, se confundam na forja arquivística daquelas vidas. O acento argumentativo aqui ensejado volta-se não a uma possível reapropriação preservacionista da memória, mas à descontinuidade artificiosa do arquivo, segundo as acepções a este conferidas por Michel Foucault e Arlette Farge, abrindo caminho para uma perspectiva da educação como empuxo a um trânsito aberto e sempre instável com o extraordinário arquivo do mundo e as temporalidades vertiginosas nele atuantes. Calcado em tal premissa, o texto conclui propondo uma mirada em direção à infância como potência de reinvenção discursiva que os mais novos são eventualmente capazes de materializar a partir das pegadas que os mais velhos deixam para trás.
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