Brasil
O presente trabalho busca demonstrar que padrões metáforicos e metonímicos são mecanismos essenciais na variação da taxonomia Apurinã (Aruak) e importantes na formação das nomenclaturas para fauna e flora dessa língua. Para tanto, o estudo se pauta na Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008) e na Semântica Cognitiva (LAKOFF; JOHNSON, 1980; LAKOFF, 1987). Os casos de variação tratados aqui restringem-se à nomenclatura de fauna e flora que constituem o fenômeno de “duplo vocabulário” (uso de duas ou mais formas para designar um mesmo referente em um domínio específico do léxico) presente na língua. Um exemplo disso seria a maneira como os Apurinã nomeiam o termo ‘quatipuru-roxinho’. O mesmo conceito pode ser chamado de axipitiri ou de ãkiti tikakiẽrike. A distinção na formação desse par de nomes é que o segundo termo tem um sentido mais descritivo. A forma ãkiti tikakiẽrike está relacionada ao aspecto da barriga do animal, a qual tem pintas que se parecem com as pintas da onça; por isso essa forma recebe o mesmo nome da onça. Portanto, a motivação de usar o nome que designa ‘onça’, ãkiti, para designar também ‘quatipururoxinho’ é o mapeamento de propriedades físicas da ‘onça’ (domínio-fonte) a propriedades físicas do ‘quatipuru’ (domínio-alvo). O que caracterizaria um processo metafórico. É desse tipo de variação que trataremos e do qual apresentaremos uma análise sobre o seu status linguístico e sócio‑históricocultural em Apurinã.
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