A cinematografia espanhola apenas recentemente incorporou como temática central os processos de mobilidade (especialmente internacional) e a construção das subjetividades em contextos de partida e recepção de coletivos migratórios. As leituras cinematográficas sobre a construção da alteridade, a sizígia campo-cidade, os problemas de adaptação nos deslocamentos humanos e as identidades nacionais, são bastante antigas no repertório fílmico hispânico, sobretudo em filmes como La Aldea Maldita (1930) e Surcos (1951). Mas a densidade perceptiva da migração como ‘fenômeno’ cinematográfico, dualiza-se com a ocupação do imaginário migratório nas agendas políticas, culturais e midiáticas destacadas na visão da Espanha como lugar de destino de imigrantes a partir dos 1990. A proposta deste trabalho é fazer uma breve leitura sobre as noções centrais dessa alteridade cinematográfica tendo como grupo focal a construção do ‘estrangeiro’, ‘exilado’, ‘diaspórico’ e ‘ilegal’, em alguns dos filmes espanhóis mais representativos na temática das relações entre cinema, memória e identidades. Paralelamente, o estudo tem o objetivo maior de pensar a questão contemporânea dos fluxos migratórios e as representações cinematográficas dos deslocamentos humanos lidos nas imagens fílmicas e a interpretação do fenômeno nos estudos visuais, enfocando a produção cinematográfica espanhola para pensá-la junto à percepção social do fenômeno da mobilidade na atualidade globalizatória.
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