o presente trabalho consiste na tentativa de fazer uma reflexão sobre a filosofia latino-americana, a saber, em que consiste, qual seu estatuto, quais suas pretensões e quais suas possibilidades. Entretanto, na medida em que tenta apresentar os resultados desta busca por uma “autêntica” filosofia latino-americana, procura mostrar, ao mesmo tempo, determinadas inconsistências em algumas reflexões que defendem que tal filosofia seja constituída totalmente ab ovo, pela negação ou mesmo por uma xenofobia em relação à chamada matriz eurocêntrica da filosofia. Segundo tal vertente, a consciência de uma violência originária (a do encobrimento da América Latina), a negação do estatuto de racional acerca da filosofia que se faz entre nós, bem como a emergência e a urgência de sairmos de uma situação de dependência cultural, justificaria uma atitude de negação em relação às nossas “origens” culturais e filosóficas. Buscamos mostrar que os elementos que constituem uma filosofia sin más, no sentido de participar da cultura e do conhecimento humano, constituindo-se como genuína, original e autônoma precisam constituir-se a partir de uma matriz básica, como toda filosofia o fez ao longo desses mais de dois mil e quinhentos anos de história, e tal matriz representa ater-se a um lugar, reconhecer e assumir os problemas presentes neste entorno e atentar para o homem deste lugar, suas lutas, suas esperanças, seus desafios, eis um delineamento possível para uma filosofia que queira ser aceita enquanto tal, uma filosofia sin más.
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