O advento da microanálise apontou para a necessidade de um método adequado para a correta identificação dos sujeitos envolvidos na trajetória a ser reconstituída. Com essa finalidade Ginzburg propôs o método onomástico, que utiliza o nome como fio condutor da investigação. Os nomes, porém, não se restringem a identificar os indivíduos dentro de um grupo. Os processos de atribuição, transmissão e utilização dos nomes são práticas com caráter significativo e também possuem fins de classificação social. Partindo dessa premissa, nossa proposta é apresentar possibilidades de aplicação do estudo de trajetórias familiares para a análise das práticas de nominação, utilizando-se do caso de uma família residente na freguesia Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre entre o final do século XVIII e o início do século XIX. Partindo de constatações obtidas a partir de apreciação quantitativa de estoque e origem de prenomes, segundos nomes e sobrenomes, uma abordagem qualitativa permitiu melhor compreensão acerca das possíveis motivações e implicações decorrentes da escolha dos nomes, bem como da constituição e do uso do nome ao longo de uma existência. O caso pesquisado reitera a noção do nome como um patrimônio imaterial familiar a ser manejado conforme os interesses e as possibilidades disponíveis em uma sociedade hierarquizada. Práticas que envolviam vários fatores, como afirmação de pertencimento social e familiar, consolidação de relações de compadrio e processos de mobilidade social.
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