Noêmia Guimarães Soares, Sergio Romanelli
Neste artigo, pretendemos traçar um perfil do tradutor e homem de letras Pedro de Alcântara, aliás, Dom Pedro II, último Imperador do Brasil. Sua personalidade multifacetada se revela também no seu uso de dois nomes para estabelecer e delimitar os dois mundos que caracterizaram sua vida: por um lado, Dom Pedro II, o político regente (contra sua vontade) do maior país sul-americano e, por outro, Pedro de Alcântara, um homem entre os homens, apaixonado pelas línguas clássicas e modernas e por suas literaturas que, além de escrever poemas, traduzia por diletantismo e também para entrar naquela seleta “Cidade letrada” internacional composta por homens como Victor Hugo, Longfellow, Manzoni, Cesare Cantù, etc., com quem se correspondia e com os quais manteve uma troca intelectual significativa. Os documentos encontrados no Museu Imperial de Petrópolis revelam um conjunto de obras traduzidas acabadas e inacabadas e de epístolas de qualidade não somente pessoal, mas literária, que muito revelam acerca do papel da tradução não somente na vida de Pedro de Alcântara, mas do Brasil imperial. A crítica genética nos possibilitou resgatar esses documentos há muito tempo abandonados em gavetas empoeiradas por uma historiografia demasiadamente crítica e superficial em relação ao papel de Dom Pedro II enquanto intelectual e tradutor; e sua metodologia nos forneceu as diretrizes para oferecer aos leitores não somente edições genéticas desses textos, mas, também uma releitura de sua importância para a história do Brasil e para a constituição da identidade brasileira no século XIX.
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