En donnant suite à la pensée de Saussure, Louis Hjelmslev nous a légué des éléments très solides pour établir une théorie et une méthodologie descriptive foncièrement immanentes à la langue naturelle. Cette théorie et méthodologie devraient être constamment produites et conduites à partir de l’intérieur de la langue. Selon lui-même, il s’agissait d’une linguistique-linguistique, qui ne saurait pas être envahie par des arguments, des critères, des concepts ou des points de vue revenant des régions transcendantes à la langue, soit dans son plan du contenu, par des concepts psychologiques, sociologiques ou philosophiques, soit dans son plan de l’expression pour des critères physico-acoustiques, physiologiques ou d’autres. Ses formulations sur une linguistique sui generis, immanente, opérée par une méthodologie aussi immanente, nous ont laissé quelque chose pas vraiment bien notée, très peu soulignée, et non amenée jusqu’au bout, à mon avis. Ce texte examine quelques thèses péremptoires de Hjelmslev sur la langue comme la forme par laquelle nous concevons le monde à l’échelle de la phénoménologie humaine. Ce texte prétend démontrer que dans ces formulations se dessine une vraie épistémologie de la connaissance, de statut immanent. De même, cette épistémologie dépasse le champ restreint des linguistiques et de sa propre méthodologie immanente dans ses Prolégomènes. Elle vise le champ large des sciences, on pourrait dire : des sciences humaines et aussi des sciences naturelles. Cette épistémologie, à mon sens, a été annoncée par le geste saussurien de la proposition du principe de l’arbitraire du signe, du pacte sémiologique qu’il instaure et de l’acte sémiologique constant qui en dérive en tant que mode de présence et de vie des signes dans la vie sociale.
Em continuidade ao pensamento de Saussure, Louis Hjelmslev nos legou elementos sólidos para estabelecer uma teoria com metodologia descritiva da língua natural, de cunho integralmente imanente, teoria e metodologia aprumadas para serem constantemente produzidas e conduzidas a partir do interior da própria língua – tal como pleiteava ele, ao modo de uma linguística linguística – que não deixasse invadir suas descrições com argumentos, critérios, conceitos e pontos de vista oriundos de regiões transcendentes à língua, seja no seu plano da expressão, por critérios físico-acústicos, fisiológicos e congêneres, seja no seu plano do conteúdo, por conceitos psicológicos, sociológicos ou filosóficos, dentre outros. Suas formulações sobre uma linguística sui generis, imanente, operada com uma metodologia também imanente, nos legaram algo não muito bem notado, pouco enfatizado, ou ao menos não levado às últimas consequências, pela literatura linguística e semiótica até hoje, e até onde pude acompanhá-la. Este texto examina algumas das teses peremptórias de L. Hjelmslev sobre a linguagem como a forma básica pela qual concebemos o mundo à escala da fenomenologia humana. Pretende arguir que, em formulações hjelmslevianas sobre a imanência e sobre a língua natural, desenha-se uma verdadeira epistemologia do conhecimento, também imanente. Mais que isso, essa epistemologia ultrapassa o campo restrito das linguísticas e de sua própria metodologia imanente, defendida sobretudo nos Prolegômenos. Ela se direciona para o amplo campo das ciências, arrisco-me a dizer, das ciências humanas e também das ciências naturais. Tal epistemologia veio, no meu entendimento, anunciada com o gesto saussuriano da proposição do princípio do arbitrário do signo, do pacto semiológico que ele instaura e do contínuo ato semiológico que dele deriva como modo de presença e vida dos signos na vida social.
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