Nous entendons montrer dans ce travail comment la sémiotique française, notamment la sémiotique tensive telle que la propose Claude Zilberberg, peut aider à comprendre des textes littéraires spécifiques, ici deux romans de Paulo Leminski. Nous nous proposons une réflexion sur la manière dont les concepts d’événement et d’exercice, de même que les quatre temporalités chronique, rythmique, mnésique et cinématique, peuvent nous aider à analyser ces romans. Aujourd’hui, dans les études de sémiotique, on parle beaucoup d’événement, en s’inspirant souvent des propositions de Zilberberg. L’auteur lui-même nous rappelle que, même s’il ne s’agit pas vraiment d’une pensée nouvelle ou inédite, penser l’événement et le mettre en évidence semble une ressource intéressante pour les études sur le sens. Dans un cadre de travail défini par trois grands « modes », à savoir le mode d’efficience, le mode d’existence et mode de jonction, l’événement est porteur d’une grande intensité et marqué par un indice élevé d’inattendu et d’accélération; il se fonde sur la concession, la saisie et le survenir alors que l’exercice – envisagé comme l’opposé de l’événement –, se rattachant au domaine de l’attendu et du familier, se caractérise par une grande extensité et a pour assiette l’implication, la visée et le parvenir. Tout en se réclamant de l’héritage hjelmslevien, Zilberberg avance dans son essai « Relativité du rythme » une réflexion sur les quatre temps mentionnés ci-dessus. En discrétisant tous ces temps, qui se trouvent en général en syncrétisme, il devient possible de les contraster et de vérifier quelles sortes d’effets ils peuvent engendrer dans les textes.
Pretendemos,nestetrabalho,mostrarcomoasemióticafrancesa,notadamenteasemióticatensivatal como proposta por Claude Zilberberg, pode auxiliar na compreensão de textos literários específicos, aqui, de dois romances de Paulo Leminski. Propomos uma reflexão sobre a maneira pela qual os conceitos de “acontecimento” e de “exercício” assim como as quatro temporalidades – cronológica, rítmica, mnésica e cinemática – podem auxiliar na análise desses romances. Atualmente, nos estudos semióticos, muito se fala em acontecimento, principalmente seguindo as proposições de Zilberberg. O próprio autor nos lembra que, mesmo não se tratando de um pensamento novo ou inédito, pensar o acontecimento e trazê-lo à tona parece bastante frutífero para os estudos acerca do sentido. Num quadro de trabalho definido por três grandes modos, a saber, “modo de eficiência”, “modo de existência” e “modo de junção”, o acontecimento é visto como portador de grande intensidade, marcado pelo alto índice de inesperado e aceleração, e tem como base a concessão, a apreensão e o sobrevir. O exercício, por sua vez, tomado como oposto ao acontecimento e estando no domínio do esperado e do familiar, se caracteriza por uma grande extensidade e tem como base a implicação, o foco e o “pervir”. Sempre declarando a herança hjelmsleviana de suas reflexões, Zilberberg propõe em seu ensaio “Relativité du ryhtme” uma investigação sobre os quatro tempos acima mencionados. Discretizando todos estes tempos, que se encontram em geral em sincretismo, torna-se possível contrastá-los e verificar os tipos de efeitos que podem causar nos textos.
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