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Neste artigo farei uma leitura da novela Água viva, de Clarice Lispector, a partir das considerações de Helène Cixous sobre o processo criativo, presentes no livro Three steps on the ladder of writing. Cixous compõe a imagem de uma escada descendente com três degraus: o da morte, o dos sonhos e o das raízes. Lispector empreende esse caminho em busca do “it”, exercício investigativo que é também uma prática radical com as palavras. A fim de seguir o percurso descendente e investigar o “it” através de leituras comparadas, trarei para a análise poemas de Hilda Hilst, do livro Poemas malditos, gozozos e devotos e também de Sylvia Plath, em Ariel, nomeadamente o poema “Lady Lazarus”. Hilst empreende um jogo entre obediência e subversão, fé e criação poética, propondo uma complexidade de imagens a partir da ideia de Deus, transfigurada. Já Plath traz para a reflexão a recorrência cíclica que é também abandono de todo medo. As leituras de Hilst e Plath iluminam, a seu modo, o percurso empreendido no rastro de Cixous e enriquecem o roteiro de busca do “it” clariceano.
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