Este artigo adota como argumentário temático central a problemática das comemorações da memória da Grande Guerra encenadas por Portugal em Angola e Moçambique. Num primeiro momento, traçaremos um retrato sumário das implicações da Grande Guerra nesses dois domínios do então império colonial português. Seguidamente, através de um protocolo analítico que privilegia a exegese das fontes impressas da época, colocaremos em destaque: i) a fenomenologia das comemorações, ou seja, o desenrolar da prática comemorativa no espaço-tempo da sua decorrência concreta nas colónias; ii) as imbricações que os discursos evocativos da experiência da Grande Guerra nas colónias estabeleciam com o colonialismo e com o repertório da mitologia imperial portuguesa. Num terceiro momento, autopsiaremos a estratégia simbólica e paliativa subjacente ao processo de monumentalização da memória do conflito, analisando o regime de evidência e a gramática memorial (patrióticoimperial) consubstanciada nos dois grandes monumentos aos mortos edificados em Angola e Moçambique.
This paper’s central approach is about the politics of commemorations of the fallen soldiers and the memory of the First World War in Angola and Mozambique. First, I present a summary view of the implications of that war for the Portuguese colonies in Africa. Secondly, I will highlight: i) the phenomenology of commemorative practices: the commemorative practices in their real action on the colonial space-time; ii) the different imbrications that the evocative discourses established with the colonial ideology and the repertory of the Portuguese imperial mythology. In this sense I argue that the repertory of Portuguese imperial mythology was mobilized in different circumstances as a source of legitimacy of the rhetoric of the sacrifice of death in the war for homeland and for the Portuguese colonial empire. Thirdly, I will put under a critical analytical approach the memorial grammar and the regime of memorial evidence materialized in the war memorials erected to the dead in Angola and Mozambique: here I analyze the aporias through the frame of power relations and colonial domination in which their significations were traced.
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