Este trabalho analisa o impacto das negociações militares na resolução de conflitos diplomáticos, entre a França e o Brasil, de João Goulart a Costa e Silva. Busca-se compreender o papel do adido militar, secretário para as relações militares, em momentos de ruptura política. Enquanto vários adidos brasileiros se sucedem na embaixada em Paris, diante da fragilidade das relações bilaterais e da importância dos acontecimentos políticos no Brasil, no Rio de Janeiro, o adido francês representa a continuidade dos negócios, devido às afinidades entre militares anticomunistas, franceses e brasileiros. Desse modo, o reatamento do diálogo pode ser compreendido como o resultado da relação pessoal entre os diplomatas de farda e os principais atores do golpe de 1964. Observa-se que os militares franceses se mantiveram à frente da chancelaria francesa, e, habilmente, conseguiram solucionar os principais conflitos entre os dois países, ao prepararem o reconhecimento do governo militar. Oficiais e diplomatas do entourage do presidente de Gaulle, veteranos da Résistance e das guerras coloniais buscavam realizar o projeto gaullista de reconquista da América Latina.
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